A
trajetória dos astros pelos signos obedece a uma espécie de ritual de
desenvolvimento da raça humana. Se considerarmos Áries o começo, o impulso de
nascimento, a primeira manifestação individual, então Peixes, que fecha o ciclo
zodiacal, é a desintegração desta manifestação no Todo cósmico.
Signos
não são constelações. Por causa da precessão dos equinócios, sabemos que houve
um “deslocamento” do eixo terrestre ao longo de milhares de anos, que hoje
percorre diferentes pontos no espaço, diferindo assim as estrelas da eclíptica –
região onde encontram-se os signos. Fazendo uma analogia dos signos com a
diversidade de padrões energéticos da Humanidade, utilizando a mais famosa lei
de Hermes de Trimegistro (“O que está em cima é como o que está em baixo e, o
que está em baixo é como o que está em cima.”), podemos nos aventurar a dizer
que os signos são os chakras ou centros energéticos do sistema solar – se não do
Universo. A origem da criação ou definição de “signo” é tão desconhecida quanto
a da esfinge de Gizé e foi associada às constelações pelos primeiros astrólogos
caldeus para efeito de localização para análise dos trânsitos
planetários.
A partir do dia 6 de outubro, estaremos vivenciando o começo de mais uma etapa
evolutiva da nossa vivência, encarnação ou geração terrestre: o ingresso de
Saturno em Escorpião. Entre outubro de 2009 até o dia 5/10/2012, o trânsito de
Saturno por Libra desafiou os signos cardinais (Áries, Câncer, Libra e
Capricórnio) estruturando relacionamentos e parcerias; testou parâmetros
diplomáticos e o senso de empreendedorismo. Agora é a vez destes relacionamentos
atingirem um nível aprofundado e alquímico no campo emocional, onde duas
manifestações individuais fundem-se, transformando-se em um novo ser. Por isto
que Escorpião é associado ao sexo e à transformação: o desejo de fusão que leva
à morte (“petit mort” - orgasmo em francês) e o começo de uma nova vida. Ao
longo dos próximos dois anos, este centro energético estará sob a influência do
“Senhor do Tempo”, revelando sua “sombra” por um lado: medos, resistência à
fusão e à entrega emocional, insegurança quanto à perda do controle e ao
resultado das mudanças; além do ponto cego do seu signo oposto complementar,
Touro, por outro – manutenção rígida e eterna da zona de conforto e a
estabilidade física/material, a fim de evitar eventuais perdas e danos. Mas a
grande chave para o entendimento e a assimilação da energia escorpiônica é a
aceitação do fluxo natural da vida e da transitoriedade. A verdade sob as falsas
máscaras inertes do mundo material é que somos dominados por nosso inconsciente,
um submundo muito mais vasto e incontrolável que se manifesta mais do que
desejamos, mas temos que conviver com isto. Convivência esta que vem da
auto-aceitação, auto-análise que nos leva a conhecer nosso poder psíquico que
emerge por meio da intuição, de sonhos e, até mesmo, da paranormalidade ou
mediunidade. Resistir a este poder é como adotar dogmaticamente o celibato: é
criar um monstro, uma aberração que pode instaurar o caos e a
auto-destruição.
Para
muitos, Escorpião é o signo da Magia, palavra muito mal interpretada mas que, a
grosso modo, é nada mais, nada menos que nosso poder magnético de transformação,
“lapidação” da pedra filosofal e depuração da alma.
Preparar-se para Saturno em Escorpião é muito simples e complexo ao
mesmo tempo. É conhecer a transitoriedade incessante e infinita, além de
aplicá-la. O grande inimigo, o monstro por trás das alvas barbas de Saturno é o
medo do novo, do próximo passo e da perda. Saturno pode revelar este monstro que
surge das profundezas de Escorpião, devorador e paralizante que, muitas vezes,
provoca o fim prematuro daqueles que resistem a tudo e a todos. Além de
Escorpião, Touro, Leão e Aquário serão os signos mais desafiados pelo Senhor do
Tempo – são signos fixos que gostam de estabelecer o poder, raízes e modelos de
comportamento. Sabedoria e melancolia são as duas saídas diante das exigentes
cobranças de um Saturno escorpiônico. A segurança das escolhas, a abertura a
novas oportunidades, a percepção sutil de um vasto mundo “por trás” da aparente
estabilidade e continuidade, são resultados bem-vindos como consequência da
sabedoria. Limites restritos, estagnação, apegos, medos da entrega emocional são
sintomas de pontos vulneráveis a serem analisados e curados dentro da
terapêutica escorpiônica: o mergulho profundo no inconsciente.
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