por Mônica Schwarzwald
Desde 03 de fevereiro último, Netuno começou sua peregrinação no seu signo de regência, Peixes. Fortalecido pela energia similar, este planeta pode promover tanto a iluminação e entrega nirvânica espiritual, quanto o caos da ilusão. Seja o que for que ele lhe traga, não tente entender, apenas sentir.
A Humanidade como um todo, representando o Macrocosmo e, cada indivíduo representando o Microcosmo vai vivenciar nos próximos 14 anos este contato com o lado mais secreto e obscuro do seu íntimo. Buscar respostas lógicas para situações inusitadas que apenas a sincronicidade pode explicar é tarefa por demais racional e atribuída a seu signo oposto complementar, Virgem. Mas atentar aos sinais, sonhos, símbolos, voz interior ou intuição é parte fundamental do seu patamar evolutivo.
Netuno é um dos planetas descobertos na era contemporânea, em 1846, juntamente com Urano (1781) e Plutão (1930). Neste final do século XIX, estavam nascendo espiritualistas, magos e estudiosos da alma humana de destaque como Papus, Dion Fortune, Aleister Crowley, Carl Gustav Jung, Sigmund Freud, além dos cientistas que iriam desenvolver a teoria quântica, Wolfgang Pauli e Niels Bohr. Um momento em que, o “outro lado”, o “invisível” estava começando a chamar à atenção, a começar pelo fenômeno das batidas na parede presenciadas pelas irmãs Fox, que deu ensejo à febre mundial da comunicação com espíritos. Se por um lado, o aparecimento destes fenômenos deu ensejo a estudiosos como Alan Kardec que estudou e decodificou o “invisível” criando uma religião chamada Espiritismo, por outro, forneceu a oportunidade para o charlatanismo.
Por ocasião da sua descoberta, Netuno encontrava-se em Aquário, signo imediatamente anterior a Peixes. É como se ele estivesse se preparando para revelar-se, reunindo a energia do amor fraternal, idealista, dirigido para afinidades comuns e interligadas pela mente para o grande mergulho no inconsciente coletivo: conceito usado por Jung para o oceano infinito da espiritualidade, que não obedece tempo nem espaço. Mais uma vez, o Deus dos Mares está pronto para mostrar toda sua força.
Indivíduos que nasceram com a energia pisciana bastante relevante no mapa astrológico (planetas pessoais, Ascendente, Meio-do-Céu) vão experienciar esta dicotomia : Iluminação X Caos, que somente a Intuição irá orientar de forma evolutiva. Portanto, em pleno final da Era de Peixes, seu regente se reencontra com o signo de domicílio para passar a limpo os encargos espirituais da Humanidade, não testando mais sua fé em uma religião com dogmas, restrições e padronizações, mas para visualizar-se no espelho, entrando em contato diretamente com sua essência, com aquilo que só se reconhece na mais íntima introspecção. Amar incondicionalmente o seu Deus interior. Vai depender do livre arbítrio de cada um a escolha pela introspecção e reconhecimento do verdadeiro Eu ou dar continuidade à navegação pelos mares da ilusão e alienação. Os demais signos do elemento Água, energeticamente ligados a emoção, sensibilidade e de natureza psíquica – Câncer e Escorpião – também irão experienciar esta dicotomia em menor escala e, provavelmente, com mais fluência e percepção sensorial.
O signo de Virgem também é estimulado pelas oposições de Netuno. Métodos discriminatórios, classificações puramente racionais, lógicas irão dissolver-se nestes mares profundos e infinitos. O ceticismo que antes fazia muito sentido, perde a razão. Evitar estas novas influências, evitar a intuição e a linguagem simbólica ou irracional é iludir-se e partir para um caminho sem volta no Caos de Maya (ilusão). Dissolver-se com o véu ao invés de tentar decifrá-lo é o caminho equilibrado.
Outros signos de qualidade mutável que irão enfrentar um Netuno em uma sintonia bem mais kármica são Gêmeos e Sagitário. Ambos distam 90º de Peixes e, dentro do conhecimento astrológico, isto deflagra uma quadratura. A vontade de fugir das situações é maior, a tendência a apelar por fanatismos e outras compulsões é quase irresistível. Concentre-se na sua Alma e na sua Vontade. Energias em várias formas podem levar a enganos. Neste caso, apelar para a lucidez e o discernimento é saudável. Entregar-se às brumas viciantes pode custar muito caro e levar à doença.
“Ah, Netuno é a Alma! E isto não combina com o mar? O mar não é, ao mesmo tempo, infinitamente calmo e infinitamente irado? O mar não toma estranhas formas, dividindo a luz em fantásticas miríades coloridas? Ilusão e arte, camaleão e dragão, este é o mar!
Netuno é a Alma, com todos os nervos expostos tocados por raios de sistemas alienígenas, maliciosos, caprichosos, mágicos ou ainda como as cordas de uma harpa tangidas por algum músico do além, sutil e divino demais para que sua melodia chegue aos ouvidos dos mortais.” (traduzido do 'The Complete Astrological Writings' de Aleister Crowley)
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